Em
tempos de eleição nos municípios brasileiros, o que não falta são planos de
governo de candidatos a prefeitos. No entanto, um plano de governo focado nas
intenções individuais ou de grupos de pessoas para quatro anos nem sempre
contempla todas as necessidades de um município.
O
atendimento das necessidades dos municípios, principalmente os que buscam
melhorar a qualidade de vida dos seus munícipes, deve ser planejado
estrategicamente, para mais de quatro anos. Inquestionavelmente, tal estudo
deve levar em conta propostas coerentes, integradas e viabilizadas por meio de
políticas públicas factíveis e participativas. Muitas delas podem ser
viabilizadas pelas iniciativas privadas (ou parcerias público-privadas).
São
inúmeras e divergentes temáticas municipais que devem ser contempladas quando
se pensa em desenvolvimento local e regional dos municípios, como por exemplo:
agricultura, ciência e tecnologia, comércio, cultura, educação, esporte,
habitação, indústria, lazer, meio ambiente, saúde, segurança, serviços, setor
social, transporte, turismo etc.
Quando
se discute aberta e participativamente essas temáticas municipais observa-se na
prática da gestão municipal que um grande número de municípios está passando
por desafios políticos, sociais, ambientais, financeiros e na sua forma de
gestão. Isso requer a aproximação e equalização dos interesses pessoais e
coletivos, sejam públicos ou privados. Do ponto de vista dos valores positivos
e das intenções coletivas, isso não é ruim para os municípios. Mas devem ser
levados em consideração outros fatores operacionais e estratégicos do
município, lembrando principalmente que o foco é o cidadão – e não somente a
remuneração dos políticos ou o lucro das organizações.
No
meio desses interesses está o munícipe (ou cidadão), que deve ser respeitado e
priorizado. Claro que todos nós somos cidadãos, mas o foco aqui está no menos
privilegiado nas temáticas municipais, principalmente as que se referem às
questões de educação, habitação, lazer, meio ambiente, saúde e transporte (não
excluindo as anteriormente citadas).
Pensar
estrategicamente essas temáticas municipais, de forma integrada, factível e
participativa, muito além do “plano de governo” significa propiciar aos
munícipes uma qualidade de vida mais adequada e de longo prazo.
Nas
pesquisas acadêmicas e trabalhos práticos executados em municípios, constata-se
essas afirmações. Mas infelizmente também identificamos a falta de cultura e
preparo dos munícipes para usar os instrumentos de planejamento de seus
municípios. Lamentavelmente, observa-se que temos mais o hábito de reclamar do
que de participar de maneira efetiva e constante na condução do município, seja
de forma individual ou coletiva, por meio da sociedade civil organizada. Parece
que estamos sempre “mordendo a cauda”.
De
um lado estão os políticos dizendo que o “povo” não participa, mas também não
fazendo muita questão disso, pois não propiciam atividades para sua
participação (além das audiências públicas obrigatórias). De outro lado, estão
os cidadãos afirmando que não pode participar ou que não sabem como participar
– eles desconhecem e não exercem os seus direitos básicos. Ambos os grupos vão
se conformando e confortando, o que é lamentável para um país que se diz
democrático e quer se destacar no mundo.
Como cidadão, peço que todos os demais
brasileiros reflitam para que tenhamos “planos de governo” que possam ir além
dos quatro anos de um governo e que também contemplem inúmeras e divergentes
temáticas municipais para que se possa pensar estrategicamente, agir operacionalmente
e gerir competentemente os diferentes municípios brasileiros. Desse modo, vamos
efetivamente contribuir para o desenvolvimento do nosso país. Proponho elaborar
um planejamento estratégico do município para mais de quatro anos. Se não for
possível agora, pelo menos que o “plano de governo” dos candidatos tenha um
caráter abrangente, coerente, factível operacional e estratégico para além de
sua própria gestão.Artigo Retirado do site Gazeta do Povo por Denis Alcides Rezende é pós-doutor em administração municipal, consultor e professor da PUCPR e da Unifae.
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